...
- Mia? – Mel gritava, correndo em minha direção. Ela percebera que eu estava pálida, e não era somente pelo frio que fazia. – O que aconteceu?
- Nada. – olhei para ela, sem esboçar nenhuma expressão. Ela logo entendeu o que havia ocorrido. Ela só tinha me visto daquele jeito uma vez.
Após explicar que havia me perdido, voltamos para casa. Fui para o quarto, dizendo estar cansada. Na realidade, eu estava. Mel foi logo em seguida. Nós dividimos o quarto. Então ela me perguntou o que realmente acontecera. Disse tudo, aos mínimos detalhes e ela ficou pasma.
- O que mais me espanta é que o Di te deixou. Nunca entendo o ciúme dele. – dizia Mel, arrumando sua cama para deitar.
- Eu sei, também não entendo. Ele é meu amigo, mas é um espírito. Eles também sentem ciúme? – perguntava sarcasticamente, enquanto mexia meu chocolate quente encostada na janela, olhando a neve cair.
Mel ria com meu comentário. Ela sabia que eu não suportava a mania de Diogo fazer tudo. Ele poderia até ser um espírito, mas não conseguia fazer coisas que os seres encarnados fazem, mas ainda pensa como um, sentindo as mesmas coisas que um ser encarnado sente, inclusive ciúme... Tão incontrolável, principalmente com os meus amigos, que podem me abraçar, como ele mesmo me disse uma vez.
Volto no tempo, perdida em meus pensamentos e me lembro do quanto eu era feliz no Brasil, até eu ter minha primeira experiência desagradável. Eu gostava de uma pessoa de lá e prometi para mim mesma que eu o esqueceria. Ele era meu amigo. Quero dizer, meu melhor amigo. Mas quando fui me despedir, fiquei ligeiramente confusa com o que falamos.
- Sabe mais ou menos por quanto tempo ficará lá? – ele me dizia, segurando uma de minhas mãos.
- Não. Talvez um ano, dois... Até três, não sei. – dizia-lhe, fugindo de seu olhar que sempre me causava calafrios.
- Mas... – ele fez uma pausa e respirou fundo, como se estivesse escolhendo as palavras corretas para continuar sua frase – Você viajará sozinha?
- Não. – olhava-o, tentando decifrar o que havia de tão misterioso por trás de seu olhar. – Mel irá comigo. E além do mais, a família com quem ficarei parece ser muito acolhedora.
- Espero que sejam. – ele pensou alto, sem perceber o que dizia.
- Por quê? O que fará se não forem? – disse-lhe, com um tom mais descontraído, olhando-o com uma sobrancelha alta.
- Irei te buscar. – disse, soltando uma risada nervosa.
Ficamos um tempo em silêncio, sem saber o que falar para não tornar a despedida pior. De repente, ele quebra o silencio, dizendo:
- Não me esqueça, certo? – me pegando completamente desprevenida e me deixando sem graça.
- Certo. – disse, abaixando a cabeça.
- Eu não vou te esquecer, porque você é muito especial para mim. – fez outra pausa, me observando por um instante – Se precisar é só gritar.
Sinceramente, não entendi o que ele quis dizer com isso. Na realidade, prefiro não entender. Vim pra cá pra estudar, não ficar pensando nele. E não citarei nomes, pois toda vez que digo seu nome, acontece algo que me deixa triste. Não sei por que, mas isso sempre acontece.
Enfim, foi pensando nisso que fiquei acordada até me dar conta que já eram duas e meia da manhã. E, mais uma vez, Diogo voltou em minha mente como “problema principal”. Ele nunca havia deixado de aparecer por muito tempo e isso me preocupou o bastante para passar uma hora sentada na cômoda que ficava em baixo da janela, na esperança de vê-lo. Tudo em vão. Fui deitar-me às quatro da manhã, completamente sem sono. Senti-me sozinha, desprotegida e caí em lágrimas, adormecendo logo em seguida.
Continua...
**Vou postar uma vez por semana, pois estou preparando outras histórias.
Continua...
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